Tempo do Advento, tempo de espera e de preparação para a chegada de Jesus no Natal

Reitor do Santuário de São José de Ribamar,  padre Cláudio Roberto Cruz, faz reflexão sobre o tempo litúrgico. 


Neste primeiro domingo do mês de dezembro, começou oficialmente o advento. É um período em que as pessoas se preocupam em limpar e enfeitar suas casas para o Natal. Mas é muito mais do que isso. É um período em que devemos fazer faxina também em nossas almas e nossos corações. Tirar a poeira e teias de aranha da casa, enquanto tiramos os maus sentimentos de nossos corações: ódio, mágoa, ressentimento, inveja, egoísmo.

O tempo do advento se insere na celebração do ciclo litúrgico. Este é, por sua vez, a celebração dos mistérios de Cristo ao longo de cada ano. O ciclo ou ano litúrgico se compõe da celebração de tempos fortes na liturgia, tais como: tempo do advento, tempo do natal, tempo da quaresma, tempo da páscoa e tempo comum. Neste breve artigo, trataremos de forma sintética do tempo do advento.

O termo advento, em sentido litúrgico, significa sobretudo tempo de espera e de piedosa preparação para a vinda do senhor. Meditamos e celebramos, no advento, a preparação para as duas vindas de Jesus (cf. IGMR 39-42).


Tempo de alegre e piedosa expectativa, para acolhermos o Senhor que vai chegar


A primeira vinda, quando Deus se encarna, faz-se humano e habita entre nós (cf. Jo 1,14); a segunda vinda, quando o Filho do homem, no fim dos tempos, vier julgar os vivos e os mortos. Por isso, o advento é celebrado na liturgia como tempo de alegre e piedosa expectativa, para acolhermos o Senhor que vai chegar.

Este tempo se compõem em geral de quatro semanas que antecedem o Natal do Senhor. Inicia-se no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe é mais próximo. Do seu início até o dia 17 de dezembro, a liturgia dispõe de leituras bíblicas, homilias e ensinamentos que destacam a vinda do Senhor no fim dos tempos. Nessa primeira parte do advento, inspirados em profecias que falam do dia do Senhor e da justiça de Deus, meditamos sobre a nossa breve passagem por esta terra e sobre o julgamento final, destacando-se que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas, que dele recebemos tudo que somos e temos, e que um dia prestaremos contas de tudo.

Um só tempo, duas metades

O advento começa lembrando-nos da meta para a qual caminhamos, da brevidade do mundo e da história e da temporalidade da nossa existência sobre esta terra. Essa primeira parte do advento lembra-nos também que Deus não é indiferente ao agir humano nem à história do mundo.

Na segunda parte do advento que acontece do dia 17 ao dia 24 de dezembro, meditamos sobre a vinda próxima de Jesus, ou seja, sobre a sua vinda no Natal, a sua encarnação, sobre o Emanuel, o Deus conosco, que vai chegar (cf. Is 7,14; 8,8; Mt 1,23)

Figuras bíblicas

As grandes figuras bíblicas do advento são: o profeta Isaías, que anuncia que uma virgem conceberá e dará à luz um filho (cf. Is 7,14); o profeta João Batista, que chama o povo a preparar os caminhos do Senhor (cf. Mt 3,1-3), e a Virgem Maria que, durante esse tempo, já traz Jesus em seu seio para oferecê-lo à humanidade na noite do Natal (cf. Lc 1,31-35). Essas figuras, por sua dedicação e fidelidade ao projeto de Deus, ensinam-nos como nos preparar para acolher o justo anunciado pelas profecias vetero-testamentárias.

Coroa do advento

A coroa do advento é um importante símbolo popular de caráter litúrgico muito utilizada nesse período. Apesar de não ser um símbolo oficial da liturgia da Igreja, apresenta-se cada vez mais querido e utilizado por nossas comunidades cristãs. Trata-se de uma coroa de ramos verdes contendo em seu interior quatro velas, as quais são acesas cada uma em um domingo do advento. O verde dos Ramos simboliza a esperança, e as velas, acesas sucessivamente, simbolizam a luz de Deus que se aproxima para dissipar as trevas do pecado que envolvem a humanidade. O Natal, preparado pelo advento, é considerado por nós cristãos como a festa da Luz. No evangelho de João, Jesus diz: “Eu sou a Luz do mundo!” (cf. Jo 8,12)