São José de Ribamar: religiosidade, cultura e tradição
Grande Procissão 2015 |
O Brasil guarda em seu seio a herança de diferentes
povos, que, partilhando suas histórias construíram uma nova: a do país, a de
todos nós. Essas contribuições não são apenas para as esferas econômica, social ou
política, mas religiosa e cultural sobretudo.
Falamos em culturas. Franz Boas afirmou em seus
estudos que não há uma Cultura, mas culturas que precipitaram de acordo com os
eventos históricos vividos e partilhados por cada povo. A religiosidade popular caminha ao lado da
cultura, mesmo, por ser ela parte constitutiva da primeira e ao mesmo tempo por
nutrida e modificada por aquela.
No Brasil a religiosidade popular é muito forte, e
vivida de forma assídua por homens e mulheres piedosos que cumprem suas
promessas e pagam seus votos como reza a cultura religiosa popular desde muito
antes, ou como diz o jargão popular, “desde sempre”!
É no Concílio de Niceia que os bispos percebem a força avassaladora da religiosidade popular, e compreendem que as devoções estão no seio do povo, e que dele nascem as práticas religiosas que não eram ensinadas nos templos, mas eram praticadas pelos piedosos. É neste ponto que percebem os laços estreitos entre devoção e povo: os homens e mulheres adotaram os santos como seus anjos de perto de Deus para rogar em suas misérias e enfermidades. As causas e os defensores surgem pelo rogo do povo. O milagre e o milagreiro também.
É no Concílio de Niceia que os bispos percebem a força avassaladora da religiosidade popular, e compreendem que as devoções estão no seio do povo, e que dele nascem as práticas religiosas que não eram ensinadas nos templos, mas eram praticadas pelos piedosos. É neste ponto que percebem os laços estreitos entre devoção e povo: os homens e mulheres adotaram os santos como seus anjos de perto de Deus para rogar em suas misérias e enfermidades. As causas e os defensores surgem pelo rogo do povo. O milagre e o milagreiro também.
Desses atos piedosos nasceram grandes devoções,
entre a elas a de São José de Ribamar, na cidade que ganhou o nome do santo
milagreiro, na região metropolitana da capital maranhense. A história da cidade e de construção da capela
em honra ao santo trazido pelo navegante português a terra dos índios gamelas,
se confunde.
A devoção popular se estrutura nos símbolos,
costumes e gestos que criam por força própria uma cadeia de relacionamentos
entre os pertencentes àquele ciclo de devoção, ao passo que se firma como um
forte sistema de comunicação mesmo para o que estão fora do ciclo. Os votos
prometidos, ou ex-votos deixados nos altares, comunicam a relação dialógica
entre diferentes sujeitos: devoto, assembleia, santo e Deus-Trino. A devoção
popular, deste modo, se constitui um sistema livre de comunicação que se constrói
e modica ao longo do tempo em conformidade com a cultura religiosa popular dos
praticantes.
Em São José de Ribamar, o hábito de vir ao
Santuário para abençoar o veículo, trazer seu voto, comprar sua fita, acender
sua vela, ofertar flores, maquetes, roupas, artigos de brincadeiras culturais ou
ainda deixar no cofre sua partilha, configurou o Santuário como um importante
lugar de devoção e visitação para observação e vivencia desta religiosidade que
aflora muito mais em setembro, mês do grande festejo, instaurado neste período
pela cultura local.
A religiosidade de um povo simples e muito piedoso
é a principal responsável pela construção da arquitetura religiosa e social do
povo ribamarense e que, anos mais tarde, influenciou bastante a do Estado. Pensar a
devoção a São José de Ribamar é pensar também a história de uma cidade, a
cultura de um lugar e a riqueza religiosa de um povo que crer e vive
sua devoção.