Queimação de palhinhas: Fé e devoção em família


É uma tradição que passa de geração para geração. A cada natal, famílias preparam seus presépios e meditam os mistérios de Deus e do nascimento de seu Filho Jesus. A cena é especial, um casal, pobre de dinheiro, mas rico da graça de Deus, dá à luz um Menino, que recebe o nome de Jesus (que significa Deus salva).
Essa narrativa, contida na Bíblia, especialmente nos primeiros capítulos do evangelho de São Lucas, é celebrada com muita fé por várias famílias católicas. Em nossa Cidade-Santuário também!Para marcar o encerramento das festividades natalinas e em consonância com o calendário litúrgico da Igreja, é tradição que o presépio seja desmontado por ocasião da Festa dos Reis Magos, momento em que a liturgia católica medita que Deus (Menino Jesus) se manifestou a todos os povos, raças e nações (reis magos), ofertando salvação a todos.Para celebrar esse momento, a devoção popular das famílias católicas realiza em muitos lares a "Queimação de Palhinhas". É o que ocorre anualmente na residência da senhora Maria da Conceição Carvalho, 62, pedagoga e funcionária pública estadual e mãe de três filhos. Moradora da rua da Alegria (nome bastante sugestivo), dona Conceição, que é natural da comunidade de Veneza, município de Axixá, reúne familiares e amigos para o momento. No roteiro da noite há uma bonita celebração composta por cantos, oração do terço, ladainha em latim, bênção do presépio e, claro, a queimação das palhinhas (palhas e serragem que adornam o presépio que são queimadas em um pequeno braseiro). Destaque-se ainda que, a cada ano, o presépio conta com um casal de padrinhos, que são renovados na ocasião da Queimação das Palhinhas, quando o casal da festa atual, entrega a imagem do Menino Jesus para o casal de padrinhos do próximo natal.Dona Conceição conta que aprendeu a tradição com sua tia Joana Batista, há mais ou menos 20 anos. Explica que não se trata de uma promessa, mas de um gesto de fé espontâneo. Ocasião em que reúne família e amigos para celebrar e agradecer a Deus o dom de viver, que, segundo ela, é uma grande dádiva: "Ser rico demais é viver... Cada dia que eu vivo eu vou agradecer a Deus. Por que viver é muito bom".Na celebração todos participam, inclusive os filhos e netos de dona Conceição. Ao término do momento litúrgico, todos beijam singelamente a imagem do Menino Jesus e, em seguida, partilham um gostoso "chocolate" (acompanhado de guloseimas deliciosas).Fim da festa, os amigos se despedem, a está casa por arrumar. Mas fica no coração a certeza de que fé e vida foram renovados e robustecidos por mais um ano. 


Reportagem: Pe. Gutemberg Feitosa
Fotos: Leylane Carvalho e Luana Kerly